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29 de abril de 2013

Transposição do São Francisco não rende ainda uma gota d’água


Alvo de muita polêmica, idealizada nos tempos do Império (o primeiro projeto data de 1847), a transposição do Rio São Francisco, em implantação desde 2007, lembra hoje uma quilométrica passarela de retalhos na qual faltam costura e pedaços de tecido. Aguardada por quatro estados do Nordeste que amargam a maior seca dos últimos 40 anos, aquela que seria a rendição de 12 milhões de sertanejos não passa de um conjunto de canais desconectados, dutos enferrujados com ferros retorcidos e estação elevatória que parece um fantasma de concreto. Às margens da BR-316, no município de Floresta, a 439 quilômetros de Recife, duas colunas gigantescas servem de suporte para nada.

A obra ainda não conseguiu levar uma gota de água a lugar algum, o que vem despertando revolta da população e apreensão nos estados que seriam beneficiados. Com um custo inicialmente estimado em R$ 4,5 bilhões, a transposição agora está orçada em R$ 8,2 bilhões. A previsão de entrar em funcionamento em 2010 não pôde ser concretizada, e o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, promete entregá-la em 2015. O empreendimento tem só 43% concluídos, o mesmo índice observado em 2012.

Na última semana, O GLOBO percorreu três de seus canteiros de obras, onde foram vistos apenas quatro trabalhadores. Em Custódia, a 340 quilômetros de Recife, havia um amontoado de britas e rochas dinamitadas. Em Floresta, onde funcionará um dos pontos de captação, há gigantescas estruturas sem utilidade. Há canais incompletos ou interrompidos, cujas placas, sem água, começam a apresentar rachaduras devido ao sol. Os canteiros de obras estão abandonados. Só dois caminhões foram vistos operando.

Fonte: Potiguar Notícias
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